Hoje fui surpreendido por um misto de saudades e boas nostalgias dos meus passeios “motociclísticos” nas noites no meu Quixeramobim. Me peguei divagando em minhas memórias de um tempo não muito distante em que passeava, despretensiosamente pelas ruas da boa cidade.
Uma prática costumeira que trazia paz e aliviava o stress nos dias tão corridos.
As lembranças sempre começam na saída de casa, ao fechar o capacete e dar a partida na boa e velha companheira motocicleta, ali já começava um revigoramento instantâneo, onde lentamente saio e já nos primeiros metros observo os colegas na esquina conversando sobre os mais diversos assuntos, até penso em parar, mas deixo isso para a volta. Vizinhas nas calçadas debatendo e monitorando, no retrovisor percebo meus familiares me observando. Volto já.
Chego à pista, onde a moto quer se apressar, mas insisto em mantê-la devagarinho para poder aproveitar cada resquício de vento que bate em meu rosto sob a viseira aberta.
Conhecidos saúdam e buzinam até o fim da descida do alto do Antônio Lins (in memoriam).
As luzes dos postes passam por mim, ou eu mesmo passo por elas. As descidas, subidas, quebra-molas me fazem esquecer algumas intempéries do dia, por isso quero mais é aproveitar.
Vagarosamente observo as ruas da cidade, o movimento nos bares e lanchonetes onde percebo verdadeiras reuniões regadas a conversas, gargalhadas e aperitivos.
Os comércios diversos do centro da cidade já com portões baixos retratam um misto de calmaria e penumbras. A missa já em seus últimos instantes leva as pessoas a ganharem as ruas, trazendo nova vida aos cenários.
Em frente à “Vanda” passo ainda mais devagarinho na tentativa de avistar os amigos e aí posso inclusive sentir o cheirinho de feijão maduro. Mais adiante crianças a brincar no centro geográfico, até que escurece no mercadinho – fico em dúvida em ir até o hospital e fotografar lá do alto as luzes da cidade, quem sabe subir a 25 de março ou mesmo olhar o movimento na via.
Saudosa via, lugar de exercícios e passeios. Quase que a passo percebo que um grupo dança em um espaço reservado, outros se acirram em disputas esportivas, algumas mesas ocupam calçadas aguardando seus clientes que em breve chegarão.
Pessoas caminhando sozinhas, outras em grupo, e algumas com seus animais de estimação, o que me faz respirar a paz e a transpiração cativante do lugar.
Não paro, continuo prosseguindo, todavia o calçamento na volta não é tão convidativo, mas é bom continuar.
Avisto a Igreja Matriz, sempre imponente, de encher os olhos. Do outro lado a Câmara me faz recordar histórias mais longínquas da cidade, tempos de Guidinha, Conselheiro e Pe. Mororó.
Casais namoram nos bancos baixos e desconfortáveis da praça, enquanto outros passeiam e crianças se lambuzam com sorvete – um verdadeiro complexo de perfeições.
As luzes fortes vão ficando para trás e, na praça da estação a iluminação baixa apresenta um misto de charme arquitetônico e histórico e mistério envolvente das lendas urbanas e crendices populares. Ao lado sinto o odor alcoólico peculiar e marcante do local, ponto cultural da ebriedade e liberdade.
O passeio está longe do fim, pois é necessário repeti-lo uma, duas, três, quatro vezes, o que me fará deslumbrar com outras vistas, outras ruas, outras paisagens, cheiros e sons.
Ao chegar em casa estou certo que mais da metade do fardo que levei ficou espalhado pelas ruas da cidade.
MEU QUIXERAMOBIM É LINDO!